A Gestão Estratégica de uma organização desenvolve-se a partir de um Planejamento Estratégico bem elaborado, em que a Visão Estratégica e seus objetivos de longo prazo são trazidos, por meio de metodologia apropriada, para o cotidiano da empresa e devem permear todas as operações e tomadas de decisão que ocorrem no dia a dia.
Nos últimos dois séculos, o aparecimento de novas tecnologias e o desenvolvimento de processos cada vez mais automatizados tem provocado um medo generalizado pela extinção de milhares de empregos. Muitos “profetas do apocalipse” sinalizam tempos de crise com milhões de desempregados e cenários cada vez mais sombrios. O fato é que crises já ocorreram e sempre irão ocorrer pelos mais variados motivos e com as mais diversas consequências no mundo corporativo. A extinção de certo tipo de ocupação profissional quase sempre é acompanhada pelo surgimento de profissões novas, ainda que tais movimentos nem sempre ocorram de maneira simultânea. Hoje em dia, temos atividades profissionais que nem sequer seriam imaginadas há uma década. Apenas como exemplo, podemos citar a relação entre a população rural e urbana no Brasil. Atualmente, o Brasil conta com cerca de 15 milhões de habitantes vivendo nas áreas rurais, cerca de 7,5% de nossa população total. Na década de 1960 esse percentual era de aproximadamente 55%. A industrialização brasileira foi, em grande parte, responsável por esse deslocamento populacional, bem como a mecanização dos processos agrícolas que passaram a demandar um contingente menor de trabalhadores rurais. Grande parte dessa população rural de 1960 gerou o contingente de pessoas que hoje trabalham nas grandes cidades do país em atividades muito diversas daquelas exercidas por seus antepassados.
Onde quero chegar, após essa pequena introdução, é em uma percepção cada vez mais inquestionável: Não importam o avanço tecnológico ou a presença cada vez maior de robôs nas mais diversas indústrias; as pessoas continuam sendo fundamentais nos mais diversos processos organizacionais e ramos da economia.
O fato é que pessoas bem preparadas e bem instruídas são cada vez mais decisivas nos mais diversos setores da sociedade, seja no setor privado seja no público.
Chegamos então ao ponto central desta análise: A importância das pessoas na Gestão Estratégica de uma Organização.
O Planejamento Estratégico é um processo relativamente racional, bastante difundido no mundo empresarial e que segue passos bem definidos que visam avaliar a situação atual de uma determinada organização, definir seus objetivos e as maneiras com as quais eles serão atingidos no longo prazo.
Onde a maioria das organizações tropeça é na execução do Planejamento Estratégico ou naquilo que podemos definir como Gestão Estratégica que é a colocação em prática das iniciativas e projetos gerados na fase do planejamento e que, quando bem sucedidos, levarão a empresa ao encontro de sua Visão previamente definida. Por que isso ocorre?
Primeiramente é necessário enfatizar que a definição do Planejamento Estratégico, seus objetivos e iniciativas não podem ficar restritos à alta direção ou gerentes de Unidades de Negócios. Mesmo no início do processo, a participação de diferentes vozes da organização, em seus diversos níveis hierárquicos é fundamental. Excetuando-se a formulação da Visão, da Missão e dos Valores, que, em geral, representam a manifestação do desejo do Presidente ou do Conselho de Administração para com o futuro da organização, a contribuição de todos é desejável e necessária para o sucesso da empreitada. Ocorre que, em muitas organizações, o fluxo de informações se dá de maneira deficiente, sem critérios bem definidos e sem a agilidade necessária. Falta transparência e falta credibilidade.
A falta de uma comunicação eficiente é, por si só, uma grande barreira à implementação de uma Gestão Estratégica que possa permear a organização como um todo.
Outra barreira ao sucesso do processo de Planejamento Estratégico é a falta de uma “Cultura de Execução”. Em geral, muitos funcionários não conseguem perceber o impacto de suas realizações nos resultados globais da empresa e nem ao menos de que forma as suas tarefas se relacionam com processos interfuncionais e interdepartamentais. Quando algum resultado fica abaixo do esperado, o que se ouve é: “Bom, eu fiz minha parte...”. Infelizmente isso não basta.
A Cultura de Execução só existirá quando as metas corporativas, departamentais e pessoais forem devidamente estabelecidas, comunicadas e negociadas, com critérios justos e claramente definidos. Funcionários que atingem suas metas devem ter o merecido reconhecimento, devem ser recompensados e todos devem saber o que se espera de cada um e, por meio de um processo formal de avaliação e orientação, saber como se desenvolver e que habilidades e competências devem ser aprimoradas. Com o passar do tempo, o que se espera é que todos desenvolvam um “Espírito de Dono” e, por meio de atitudes e ações direcionadas ao atingimento das metas pré-estabelecidas transformem a empresa em uma organização de alto desempenho.
Percebe-se então que, para que o Planejamento Estratégico seja executado com a excelência desejada, o “terreno” deve ser preparado com comunicação eficaz e o engajamento das pessoas. O que se espera ao final desse processo é uma mudança efetiva na cultura da empresa que permitirá atingir metas e se adaptar mais rapidamente às mudanças que eventualmente forem necessárias.
Mas quanto tempo leva toda essa mudança?
Esse é um processo cuja duração varia muito de empresa para empresa e depende de vários fatores como a situação atual da comunicação interna, o nível de engajamento dos funcionários, o grau de desenvolvimento das lideranças e a real vontade da alta-direção em implementar as mudanças necessárias. O que se vê em termos práticos é um período de cerca de 2 a 3 meses para o desenvolvimento do Planejamento Estratégico e sua implantação e aproximadamente de 2 a 3 anos para que a nova cultura seja, gradativamente, absorvida pela organização. Mesmo durante esse período, que pode parecer longo em uma primeira análise, serão observados avanços significativos caso os passos necessários sejam seguidos da maneira apropriada.
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