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  • Foto do escritorRicardo Formanek

Ambidestria organizacional: como pensar simultaneamente no presente e no futuro

Quando nos referimos a uma pessoa como ambidestra, entendemos que ela possui a mesma destreza em ambas as mãos, a mão direita e a mão esquerda. Mas o conceito, em termos fisiológicos, inclui habilidades iguais nos dois lados do corpo como nas pernas e ouvidos, por exemplo. Ser ambidestro significa não ter um lado dominante e isso ocorre em cerca de 3% da população mundial.

Já nos casos das empresas, a ambidestria organizacional refere-se à capacidade de dedicar atenção tanto aos assuntos do momento presente, as operações do dia-a-dia, quanto àqueles relacionados ao futuro. Apesar de aparentemente simples, equilibrar questões relacionadas à excelência operacional no presente e, simultaneamente, dedicar atenção às tendências de mercado projetadas no longo prazo, exige disciplina e uma grande capacidade de planejamento.


EXPLOTAÇÃO X EXPLORAÇÃO


Ao falarmos em ambidestria organizacional, duas definições nos ajudam a entender como isso ocorre na prática: Explotação e Exploração.

Exploração está relacionada a expressões como busca, variação, risco, experimentação, flexibilidade, mudança e inovação. Já o termo Explotação refere-se à melhorias, aumento de produtividade, eficiência, execução e implementação. Percebemos, então, que explorar significa a busca por algo que ainda não se possui, são os objetivos de longo prazo que, para serem alcançados, exigirão uma boa dose de coragem e apetite ao risco, especialmente nesse mundo VUCA em que vivemos. Por outro lado, explotar se traduz na utilização daquilo que já se tem, são as melhorias incrementais que partem de habilidades já disponíveis na organização e buscam se aprimorar de forma orgânica.

Uma empresa que foca suas atenções (e recursos) primordialmente ou exageradamente no sentido da exploração pode acabar ficando sem fôlego, por apostar todas as suas fichas em resultados que podem nunca chegar ou chegar tarde demais. Por outro lado, dedicar-se exclusivamente à explotação, mantendo alta produtividade, mas fincando seus pés rigidamente em sua zona de conforto, pode levar uma organização à obsolescência e perda de competitividade no longo prazo.


Oh! Dúvida cruel!


O termo Trade off é bem conhecido de empresários, executivos e por todos aqueles que já tiveram que fazer escolhas na vida. Apesar da existência de ferramentas e metodologias que auxiliam gestores em suas tomadas de decisão, um certo grau de incerteza sempre ronda o ambiente corporativo e impõe, por vezes, um desconforto significativo. Não há fórmula mágica quando se trata de ponderar ações de curto, médio ou longo prazo e as escolhas são impactadas por fatores como o setor de atuação da empresa e o momento que ela atravessa. Além disso, a movimentação dos competidores necessita de constante monitoramento.

A empresa ambidestra é, portanto, aquela que consegue equilibrar sua atenção aos aspectos presentes de excelência operacional com um olhar para o futuro, para a inovação e para a disrupção. De modo geral, há três tipo de ambidestria organizacional:

  1. Ambidestria estrutural: a organização estabelece uma área dedicada às atividades operacionais e uma área voltada à inovação e visão de longo prazo. Essas áreas funcionam simultaneamente mas de forma independente;

  2. Ambidestria cíclica: ocorre de forma periódica com atuação dos mesmos profissionais que hora focam na condução e no aprimoramento das operações rotineiras e, em outros momentos, dedicam-se a busca por inovação.

  3. Ambidestria simultânea: todos os profissionais atuam tanto na operação quanto na inovação. Esse parece ser o modelo que efetivamente traduz a ambidestria organizacional como originalmente concebida, entretanto, é o modelo que traz os maiores desafios em sua implementação e absorção por parte da cultura da empresa.

Nota-se que a ambidestria organizacional está inserida em um ambiente de Learning Organization, termo difundido pelo autor Peter Senge e que se refere àquelas empresas em que o desenvolvimento intelectual de seus colaboradores é constantemente estimulado. A busca pelo equilíbrio entre explotação e exploração passa a ser um processo contínuo de aprendizado, de tentativa e erro que resulte, possivelmente, em uma coleção maior de sucessos do que de fracassos.

“Na construção das organizações que aprendem, não existe um destino final, nem uma situação final, apenas a viagem de toda uma vida.” Peter Senge

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